Acervo particular do Zé para pesquisa e leitura – Grátis
1 – NOSSO ÚNICO OBJETIVO É INCENTIVAR O HÁBITO DA LEITURA E A PRÁTICA DA SOLIDARIEDADE.
2 – NÃO POSSUÍMOS NENHUM VÍNCULO COM QUALQUER INSTITUIÇÃO PÚBLICA OU PRIVADA.
Sócios – para cadastro: RG e comprovante de residência. Prazo de 15 dias para devolução, podendo renovar o período.
A Biblioteca Ler e Saber não possui nenhum vínculo ou apoio cultural de qualquer instituição Pública ou Privada; é apenas um pequeno e modesto lugar de acesso aos livros, para uma leitura gratuita, idealizada pelo Zé.
“Nosso objetivo é incentivar o hábito da leitura para que as pessoas não percam a arte da crítica; a coragem de pensar e a ousadia de ser diferente. A leitura viabiliza conquistas individuais e coletivas. Investir em ações que promovem a leitura é investir no intelecto de nossos cidadãos, e assim, contribuir para a construção de um país mais justo e fraterno.”
“Quem lê, escreve melhor, fala melhor e pensa melhor.”
Matéria Publicada no Jornal de Jundiaí em 14/12/2009
Matéria Publicada no Jornal de Cidade em 06/12/2009
JUNDIAÍ ONTEM*
* Fotos retiradas de calendário publicado pela Olivato Indústrias Gráficas Ltda nos anos de 1982 e 1983.
* Textos elaborados pelo historiador jundiaiense Geraldo B. Tomanik.
FOTO 1
Jardim da Praça Marechal Floriano Peixoto.
Aspecto sugestivo nos mostra esta foto, onde percebemos a exuberância e o trato de nossos antigos jardins públicos. Este era o jardim da Praça Marechal Floriano Peixoto na década de quarenta, alguns meses antes da reforma, que transformou o pitoresco recanto central da cidade, numa insólita e acachapante visão da aridez dos tempos modernos. Nós tivemos o orgulho de ter sido em épocas passadas possuidores de belos jardins, que foram comentados e admirados por todos aqueles que chegavam à Jundiaí.
FOTO 2
A Pacata Rua do Rosário.
Vista parcial da Praça Gov. Pedro de Toledo, nos anos quarenta, quando ainda ostentava sua exuberante vegetação. Logo depois, passaria a mesma por uma reforma que modificaria por completo seu aspecto. Em pleno dia útil da semana, notamos a pacata aparência desse setor da cidade, em contraste com o movimento dos dias atuais.
FOTO 3
Vista do quartel militar.
Vista do Quartel Militar, quando ainda sediava a G. O. 155 da década de quarenta. Parte dessa edificação, é ainda um marco da história urbana, do início de nosso século. O primeiro prédio que se vê, à direita do portão principal, foi o comentado Colégio Hydecroft, que ali funcionou desde 1907 a 1917. Antes desse colégio, foi a residência do Major Bolívar Araripe Sucupira, personagem muito comentada na história política da cidade nos finais da Monarquia e na República. O portão de acesso às dependências daquele próprio, foi o famoso Beco do Rosário, que ligava aquele Largo à Rua do Senador da Fonseca e a que foi a antiga Rua do Grão Pará, depois Adolpho Gordo e daí até nossos dias Zacharias de Góes. Nota-se a calmaria dos anos quarenta.
FOTO 4
O primeiro “Arranha Céu” de Jundiaí.
O primeiro “arranha céu” de Jundiaí, que despontou no ano de 1950, com seus quatro andares. Esse primeiro edifício recebeu o nome de seu proprietário Nicolau Carderelli, que em setembro de 1922, inaugurava a Casa Independência, que durante um longo período serviu a população jundiaiense, tornando-se juntamente com o antigo comércio da cidade a tradicional loja de armarinhos, chapéus e enxoval para noivas e batizados, sistema então muito usado pelo comércio tradicionalista. À esquerda vemos uma das lojas de tradição no comércio de modas da cidade que é a ‘Loja Nova’, que nessa época ainda trazia as normas arraigadas do antigo comércio “jundiaiano”. Na parte térrea do Edifício Carderelli, sediou durante alguns anos o Banco Brasul, e depois o Banco Real. Nos dias atuais, uma moderna loja de artigos para homens, um dos departamentos de vendas do Rei das Roupas Feitas, ali se acha instalados. Ainda podemos notar, que do lado da rua Barão de Jundiaí, se acha em obras o prédio que pertenceu ao Nuto Carderelli, constante de residência e comércio, hoje ocupado pela joalheria Marchi e a Mari Modas, Casa de Calçados.
FOTO 5
O “Grupo Velho”.
O “Grupo Velho” assim era denominado pelos jundiaienses referindo-se ao Grupo Escolar Cel. Siqueira de Moraes. Esse portentoso edifício escolar foi construído na segunda metade do século passado, e foi inaugurado em 12 de abril de 1896, com grandes festividades, tendo a cidade nesse dia recebido ilustres convidados do alto mundo social e político da época. Representou o governo do Estado na época, o vice presidente Dr.Cerqueira César. Houve naquele local um banquete de 80 talheres oferecido ao governo do Dr. Bernardino de Campos pela Câmara Municipal de Jundiaí. Além das personalidades presentes, vários representantes da imprensa da Capital, aqui estiveram para relatarem a importante efeméride ligada a educação no estado. Segundo a evolução urbana de Jundiaí, foi o maior prédio construído na cidade, destinado a uma escola pública. Originário do período chamados “Art-Noveaux”, seu estilo arquitetônico denominado”Chalet”, veio enriquecer a arquitetura urbana local. Foi seu primeiro diretor, o professor Pompeu Boada Tomassini, diplomado pela Escola Normal de S. Paulo, na Imperial cidade de São Paulo, em 3 de Dezembro de 1887. Era diretor dessa tradicional escola normal de S. Paulo, o Cônego Manuel Vicente da Silva. Esse prédio, depois de desativado esteve em completo abandono e ameaçado de sua total destruição. Graças a ação do Prefeito Prof. Pedro Favaro, foi o mesmo recuperado pelo município, voltando a ser ocupado em 1º de Agosto de 1979, pela Biblioteca Municipal e parte do Museu Histórico e Cultural. Jundiaí deu inequívoca prova de preservação e um belo exemplo de civismo, para os nossos pósteros.
FOTO 6
Praça Marechal Floriano Peixoto.
Praça Marechal Floriano Peixoto na década de cinqüenta num domingo. Pequeno é ainda o movimento de carros e pedestres nesse local da cidade. À esquerda vemos parte dos prédios ocupados pelo comércio da época, o bar e sorveteria, a Tipografia e Papelaria “Popular” de Hugo Olivato, sediada no antigo prédio que também foi ocupado pelo Banco Noroeste do Est. de S. Paulo, em seqüência a loja Riomar, a Drogasil, o Jundiaí Hotel, a agência de passagens do Expresso de Prata, linha de Campinas e S. Paulo. Faziam ponto também nessa praça, os ônibus urbanos da linha do Retiro, Hosp. do SESI, Moisés e Itupeva. À direita ainda podemos notar, em primeiro plano o carro “Chevrolet”, que pertenceu a Hugo Olivato, nome que ficou tradicionalmente ligado às artes gráficas de Jundiaí. Estando seus descendentes, propiciando através de calendários uma síntese da história urbana e social da terra dos jundiaienses.
FOTO 7
Esquina – Cel. Siqueira de Moraes c/ Rua do Rosário.
À esquina da Cel.Siqueira de Moraes com a Rua do Rosário nos anos cinquenta. O casarão de esquina que vemos, foi um dos exemplares de prédios vindos do século dezenove. Demolido, deu lugar a construção do edifício Marijú, cujo projeto foi de autoria do Eng. Gerard Krause, que aqui viveu durante alguns anos de sua vida. Ao fundo notamos os telhados de lanternim, do antigo mercado municipal que foi construído por volta de 1933. Depois de desativado durante vários anos, foi o mesmo recuperado para ser ali um centro de compras e diversões, que tomou o nome de “Centro das Artes” que abrigava um moderno auditório, depois denominada Sala Glória Rocha, onde passou ser o ponto obrigatório da população em suas horas de lazer cultural, assistindo a vários espetáculos de arte e consertos musicais. Desastradamente foi a moderna sala de espetáculos, destruída por violento incêndio irrompido em 03 de Outubro de 1982. Foi o fato recebido pela cidade, com o mais profundo pesar pela perda de uma excelente sala de espetáculos.
FOTO 8
A pacata Rua do Rosário.
A pacata Rua do Rosário, na 2ª metade dos anos quarenta. O prédio em primeiro plano havia sido inaugurado no dia 4 de fevereiro daquele ano, com a presença do eminente D. José Gaspar de Affonseca e Silva, Arcebispo Metropolitano, que em 27 de agosto de 1943, desaparecia tragicamente em desastre aéreo no Rio de Janeiro. Esse edifício foi especialmente construído para ser ali o Salão Paroquial, em cujas dependências abrigaria as associações religiosas, que ficariam sediadas na parte superior e no térreo, quatro salões para neles se instalarem lojas comerciais. O salão propriamente dito dispunha de um palco e 400 poltronas, podendo ainda, ser aproveitado para cinema, teatro e outras manifestações toleradas pela moral, escrevia a imprensa na ocasião. Ao atingirmos o ano de 1947, o Salão Paroquial já não existia, sendo então, transformado para ser uma moderna sala de exibições, cujas programações se dariam simultaneamente com os melhores cinemas de Capital, esse cinema foi o Rosário, inaugurado a 5 de junho de 1947. Na “Avant-Premiére” em caráter beneficente foi exibido o seu primeiro filme “Ana e o Rei de Sião”.
FOTO 9
Antigo Asilo Barão do Rio Branco.
Esta é uma das últimas fotos do Antigo Asilo Barão do Rio Branco, que por longos anos funcionou nesse vetusto sobradão do século XIX. Teve como seu fundador e benemérito o Cel. Joaquim Ferraz Júnior. No decorrer dos anos, esse prédio não comportando mais a hospedagem dos velhos asilados que já viviam em condições precárias, promoveu-se entusiástica campanha na cidade, por meio de vários eventos; como quermesses, espetáculos e outras manifestações tiveram o resultado feliz pró-construção das novas instalações em terrenos, oferecidos em doação pela municipalidade, em lugar aprazível nos altos do Anhangabaú. Os nomes do Prof. Pedro Clarismundo Fornari e do Arq. Vasco Antonio Venchiarutti, vereador e prefeito municipal, estão intimamente ligados na história da instituição dedicada à proteção da velhice desamparada em nossa cidade.
FOTO 10
A antiga Praça Amparo.
A Antiga Praça Amparo, pequeno logradouro que esta intimamente ligada à história urbana de Jundiaí. Na antiguidade, foi o cemitério da Fábrica da Igreja, e foi desativado por ocasião da proibição dos enterramentos feitos no interior dos templos. Nas velhas atas da Câmara do século passado vamos encontrar o seguinte: 13 de maio de 1867- “O Sr. Queiros Telles (Barão de Jundiaí), indicou que se oficiasse ao Revmo. Vigário para que este suspenda o enterramento de cadáveres no Cemitério da Rua do comércio”. A rua do Comércio era o nome da atual Rangel Pestana. Antes de receber o nome de Amparo, que também havia em 1917, dado o nome de Jundiaí a uma de suas praças públicas; esse logradouro, ostentou o nome de Largo S. José, Praça Olinda e finalmente Dr. Domingos Anastácio. A foto que foi feita numa segunda-feira, atesta a falta de movimento da cidade nos anos quarenta.
FOTO 11
Igreja do Rosário.
Igreja do Rosário – Num domingo, de 4 de junho de 1922, a cidade profundamente comovida, assistia pela última vez as cerimônias que a Irmandade do Rosário, fez realizar constando de solene missa cantada, pregando aos Evangelhos o estimado sacerdote conterrâneo Pe. Armando Guerrazzi. À tarde por volta das dezesseis horas, imponente procissão a que emprestaram digno realce todas as associações católicas locais, deixou o tradicional templo, conduzindo suas imagens em definitivo êxodo, para a Capela de Santa Cruz, localizada no largo do mesmo nome. A vetusta igreja do rosário foi demolida para se dar prolongamento da rua de igual nome. Depois dessa trasladação das imagens e a desativação da velha igreja, a Prefeitura publicava o seguinte aviso em 15 de junho de 1922. “Termina hoje o prazo concedido pela Prefeitura para a remoção dos ossos inhumados na igreja do Rosário. Na próxima semana deverá verificar-se a exumação e trasladação dos mesmos para o cemitério, iniciando-se logo após, a demolição do velho e tradicional templo”. Assim, perdia Jundiaí uma grande parte de sua memória, com o desaparecimento de um antigo exemplar de sua arquitetura religiosa originária dos finais do século XVIII. Era o vigário da paróquia o Cônego Dr. Hygino de Campos, que aparece ao lado direito da imagem de Nossa Senhora do Rosário, juntamente com o provedor da Irmandade Sr. Afonso Roveri à esquerda. Essa foto é uma verdadeira evocação à memória jundiaiense.
FOTO 12
O velho Largo da Matriz.
O velho Largo da Matriz – Uma vista do velho largo da Matriz no ano de 1914, onde se vê os canteiros ainda recém plantados, assim, como também, os “plátanos” escorados com sarrafos. A velha Matriz ostenta em seu exterior o estilo neo-gótico adotado pelo arquiteto Ramos de Azevedo em 1886. Os pináculos das torres com sua cobertura em ardósia, as janelas ogivais nas laterais, tinham a função de iluminarem as galerias superiores que ladeavam a nave central. O jardim como vemos, se apresenta ainda desprovido de farta iluminação. No centro, apenas um poste artístico com duas lâmpadas pendentes, e mais quatro com uma lâmpada que eram dispostos simetricamente em torno do jardim. A esquerda podemos notar alguns prédios que serviam ao antigo comércio jundiaiense. José Czarda, Casa Lima, Luiz Guerrazzi, Sayeg e outros. Ao fundo vemos a frondosa vegetação do jardim público, ainda fechado por grades. Ainda sem a presença de automóveis, notamos o ponto dos “tilburis” de aluguel, que serviam a população naquela época.
FOTO 13
A Praça da Independência.
A Praça da Independência – A Praça da Independência nas décadas dos anos 30. Por entre exuberante arvoredo, destaca-se o obelisco da Independência, cuja pedra fundamental foi lançada no dia 7 de setembro de 1922, por ocasião das comemorações havidas pela passagem do 1° Centenário da Independência. Durante a solenidade daquele dia, discursou o Dr. Adriano de Oliveira, e também foram inauguradas as placas toponímicas, em bronze com a denominação de “Praça da Independência”, que estavam colocadas nas esquinas da Rua Barão de Jundiaí e Rosário. As referidas placas foram descerradas pelo Con. Dr. Hygino de Campos e Dr. José de Miranda Chaves. O obelisco, porém, somente foi inaugurado a 23 de novembro de 1922, com grande participação do povo jundiaiense, autoridades civis e militares, clero e pessoas gradas. O velamen que cobria o monumento, foi deixado cair pelo Cônsul Italiano a convite do prefeito municipal Dr. Olavo de Queiroz Guimarães. Discursando na ocasião João Baptista Figueiredo e o cônsul que fez o agradecimento em português. Foi autor do obelisco o artista Agostinho Balnea, do “Atelier National Arte de Taubaté”. Foi construído em granito artificial, sendo os medalhões alegóricos e frisos em bronze de lei. Custou a obra 9:000$000 (nove contos de réis). Aos finais do ano de 1935, passou a praça da Independência, denominar-se Governador Pedro de Toledo. Em 1939, foi a praça com seu belo jardim completamente arrasada pela reforma geral da mesma, e o obelisco da Independência transferido para a praça das Bandeiras. Mais uma vez, os jundiaienses assistiam a morte da memória de sua cidade.
FOTO 14
O início da Rua Barão de Jundiaí em 1928.
O Início da Rua Barão de Jundiaí em 1928 – Em primeiro plano vê-se o prédio residencial onde morou a família de Dr. Pedro Soares de Camargo que foi o chefe da Engenharia Civil da Cia. Paulista de Estradas de Ferro. Nos dias atuais se acha ali o edifício da Câmera Municipal de Jundiaí. O prédio seguinte ainda existe, porém com sua fachada modificada e pertencia na época à família Borin. Adiante o edifício do Cine Teatro Politeama, recém reformado, vendo-se ainda as pilhas de tijolos à sua frente. Essa foi a grande e radical reforma que passou aquele tradicional teatro, sob os cuidados do arquiteto Dr. Emmanuel Gianni e do construtor Giácomo Venchiarutti. O seu interior totalmente modificado, com a construção de três pavimentos. 1° platéia com 1400 cadeiras, frizas em número de 40 num total de 200 cadeiras; o 2° pavimento constante de 44 camarotes com um total de 220 cadeiras; finalmente o 3° pavimento com as instalações das gerais. A iluminação com 19.000 velas, instaladas pela “General Electric”- mobiliário; Guido Pelliciari & Cia. A decoração interna esteve a cargo do pintor Camilo Meloni, de aspecto sóbrio e delicado. A estréia foi a 25 de janeiro do ano de 1928, com a apresentação da famosa companhia de operetas Clara Weiss, em três espetáculos sendo, o primeiro com a opereta de Franz Lehar “Frasquita” o segundo com a “Viúva Alegre” e finalmente “Acquachetta” do maestro Giuseppe Petri. Estiveram muito concorridas essas apresentações da 1.ª temporada lírica, que inauguraram o novo Teatro Politeama. O primeiro filme foi “Cavalgando com a Morte”. Com o aparecimento do cinema falado, foram sacrificados dois camarotes, em virtude da instalação da cabina de projeção, que passava de trás da tela para a frente da mesma. Foi o Politeama, o maior centro de diversões dos jundiaienses durante longos anos. Protegido contra seu total desaparecimento, está hoje sob a responsabilidade da Prefeitura de Jundiaí, que pretende restaurá-lo e reativar o seu uso. Em 1920 havia no Estado de São Paulo, inclusive a Capital 214 teatros, sendo porém o Politeama o 1° do interior do Estado, com capacidade de 2.920 espectadores.
FOTO 15
A Fonte e o Coreto da Praça Marechal Floriano Peixoto.
A Fonte e o Coreto da Praça Marechal Floriano Peixoto – O ano de 1920 foi marcante pelas grandes reformas que passaram o nosso principal centro da cidade. O jardim público a partir de 1919, começava a ser radicalmente transformado, e suas tradicionais árvores eram abatidas para que se pudesse projetar uma praça mais moderna onde teria que prevalecer um toque elegante. Além das plantas que foram criteriosamente escolhidas, como as roseiras de finas castas, que floresceram em canteiros, zelosamente cuidados por dedicados jardineiros. Completando o paisagismo daquele logradouro, construiu-se um coreto em estilo neo-clássico, de autoria de Achiles Isella, da capital, e sua decoração pintada pelo artista J. Gasparino, cuja pintura representando motivos ligados à mitologia grega alusivos a arte musical. Uma paisagem era vista através dos vãos entre colunas, de ordem dórica que tinham em seus fustes guirlandas floridas que se enrolavam pelas mesmas. Na arquitrave acompanhando o estilo arquitetônico daquela alegoria pictórica, medalhões com efígies de famosos compositores ali estavam representados. Rematava aquela pintura, um teto em forma de concha em artísticas nervuras. O gradil do guarda corpo em elegante desenho foi executados pela Cia. Mecânica & Importadora. Sua fachada é ornada com motivos florais e musicais, ostenta ainda num medalhão a data de 1920. A fonte que ornava o centro da praça foi construída em pedra artificial (cimento), por Paciulle & Ratto, estabelecidos na Capital. O custo dessa obra, foi de 16:000$000 (dezesseis contos de réis), quantia essa muito questionada na época pela imprensa local. Essa fonte foi a alegria das crianças, que ali se distraiam com os peixes coloridos que viviam naquele tanque da fonte. Essa praça que foi um dos logradouros, mais agradáveis de nosso centro, foi desastrosamente mutilada em seu paisagismo, inaugurando Jundiaí a sua grande era de melancólica aridez.
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O Tradicional Largo de São Bento no Século XIX.
O Tradicional Largo de São Bento no Século XIX – O nosso velho largo de São Bento tem sua origem desde a segunda metade do Século XVII, quando em 1667 Estácio Ferreira e sua mulher Violante, fez doação dos terrenos para a fundação de um “hospício” (hospedaria de religiosos) do Patriarca de São Bento, junto com o visitador Frei João do Espírito Santo, no ano de mil seiscentos e sessenta e sete. A partir de 1668 passou esse logradouro a chamar-se de Largo de São Bento. Nessa foto de 1897, vemos em primeiro plano as belas figueiras que ainda se mostram bem novas. À frente está o edifício da Câmara e Cadeia, cuja construção esteve a cargo do Eng. Ramos de Azevedo, conforme documentos datados de 1885. À esquerda do edifício, ainda podemos ver um dos lampiões a querosene que eram usados na cidade. As palmeiras fronteiras ao prédio, ainda hoje existem e são praticamente já centenárias. Olhando à esquerda da foto, vemos o “Chalet” de madeira, que segundo consta veio todo desmontado da Alemanha da região da Floresta Negra. Serviu esse “chalet” de residência a Da. Rosa Fladt, que foi a diretora, sucessora de Da. Carolina Florence. Em continuidade os prédios que abrigavam o famoso Colégio Florence, que já funcionava em nossa cidade, e teve destacada atuação na educação feminina, como colégio das moças. Esse notável estabelecimento de ensino foi fundado em Campinas em 1863, e quando por ocasião da epidemia da febre amarela, em 89, transferiu-se para Jundiaí, aonde o clima da região era mais saudáveis e portanto benéfico ao próprio colégio, que mantinha no internato um número apreciável de meninas de várias partes não só do Estado como também de outras regiões do Brasil. Nos dias atuais, ainda guarda esse tradicional logradouro da cidade uma parte da memória jundiaiense.
FOTO 17
O Jardim das Rosas.
O Jardim das Rosas – Assim foi denominado na década de quarenta, quando o Prefeito Manoel Aníbal Marcondes, transformou o velho largo D. Pedro II, que nada mais era que um campo de terra e algumas manchas de gramíneas. Ladeavam esse antigo logradouro os tradicionais Hospitais; São Vicente, a Fratelanza Italiana, depois Casa de Saúde Dr. Anastácio e o famoso Ginásio Rosa, importante casa de ensino, que se situava onde hoje está a Casa da Criança. O nome de D. Pedro II, deu-se na gestão do Dr. Olavo Q. Guimarães, quando Prefeito da cidade. Graças a ele, houve na Câmara muita discussão em torno da mudança do nome de Largo de São Bento, para D. Pedro II, fato esse não consumado, em virtude de sua proposição justificando a permanência de Largo de S. Bento, que vinha de tão longínqua tradição e o de D. Pedro II, teria de se dar a outro logradouro, numa justa homenagem da cidade ao nosso Imperador. Infelizmente nos dias que correm a toponímia de vias públicas da cidade, sofrem disparadas mudanças num verdadeiro desrespeito a tradição de nossa história urbana.
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O Mosteiro de Sant’ Anna.
O Mosteiro de Sant’ Anna – Fundado a 26 de janeiro de 1668, por Frei Francisco da Visitação, Abade Provençal e Frei João do Espírito Santo da Bahia, que em terrenos doados por rico morador da Vila de Jundiaí, Estácio Ferreira, levantaram o “Hospício” (hospedaria). Essa construção constava de dormitórios e uma capela mor, que após a morte de seu fundador em Jundiaí, ficou em completa ruína. A presidência desse mosteiro foi inaugurada aos 13 de janeiro de 1694 – tendo sido seu 1° Presidente, Ambrózio da Trindade. Em 1905 a presidência de Jundiaí, foi incorporada a Abadia de S. Paulo, sendo o Pe. Cavalcanti e D. Luiz G. Barbosa, O. S. B., de 1914 a 1929. D. Polycarpo, D. Norberto Vieira – D. Ignácio de Layola Regis e D. Pio Sigesmann O. S. B. até 1931 quando assumiu D. Abade Pedro Roeser O. S. B. que permaneceu à frente do Mosteiro até sua morte ocorrida a 24 de abril de 1953. Assume seu secretário D. Amaro Bonder-Müller O.S.B. até seu falecimento na década de 70. Essa igreja esteve intimamente ligada ao famoso Colégio Florence, que usava o histórico templo como a própria Capela do Colégio, por sua diretora D. Rosa Fladt, no início de nosso século, tendo a mesma conseguido amplas reformas naquela igreja. A fachada que vemos, segundo D. Amaro, sofreu no decorrer dos tempos, muitas variações em torno do estilo romântico. Nota-se ainda o aspecto do antigo jardim do Largo de São Bento, com seus bancos e luminária, inauguradas em 15 de julho de 1928.
FOTO 19
A Antiga Praça Marechal Floriano Peixoto.
A Antiga Praça Marechal Floriano Peixoto – Essa praça foi inaugurada em 12 de dezembro de 1920, na administração municipal de Dr. Olavo Queiroz Guimarães. Essa foto é anterior a 1923, conforme vemos pelos tapumes à direita da Matriz, quando estavam sendo construídas as capelas laterais, pela grande reforma empreendida pelo Con. Dr. Hygino de Campos, a partir de 1921. Os canteiros que ornavam essa praça foram o orgulho dos jundiaienses, pelas magníficas variedades de suas plantas, cujas roseiras eram criteriosamente escolhidas. Natalie Bottner, Gustavo Metz, Miss Alice Rothschild, Gerânios Ingleses, Cravos de grandes variedades, árvores como Fícus Benjamim, Araucária Excelsa, Imperador de Marrocos, grande roseira e Magnólias, eram carinhosamente tratadas, pelo Valenza, jardineiro conhecidíssimo de todos aqueles que faziam da praça, o lugar preferido para o seu lazer. À esquerda vemos a Escola Paroquial Francisco Telles, fundada em 1914. Ao lado a casa Orsí, fábrica de macarrão e fecularia, antigo e tradicional estabelecimento, pertencente a Nicola Orsí, cujos descendentes estiveram na direção até as primeiras décadas dos anos sessenta. No sobrado seguinte esteve instalado o “Casino Jundiahyense”. Graças aos tradicionais fotógrafos de Jundiaí, como Alexandre Janczur e seus sucessores, podemos ainda nos dias de hoje, manter viva a memória e a fisionomia urbana de uma cidade que já foi muito mais humana e mais respeitada pelos autênticos jundiaienses.
FOTO 20
O Antigo Sobradão da Rua do Rosário e o Asilo Barão do Rio Branco.
O Antigo Sobradão da Rua do Rosário e o Asilo Barão do Rio Branco – Esse vetusto sobradão originário do século XIX foi a antiga residência da abastada família de Da. Carolina Prado. Depois ali se instalou o antigo Asilo Barão do Rio Branco, de cujas raízes vinha desde o ano de 1840 em Jundiaí. O nome de Barão do Rio Branco, foi dado em homenagem ao grande vulto brasileiro, cuja maior preocupação junto com outros nomes de seu tempo, foi o de atender todos aqueles que necessitassem da caridade e do necessário abrigo. A Associação denominada Damas de Caridade, fundada pela Da. Anna de Queiroz Telles, em 1907, foi a grande benfeitora desse Asilo, que desde então passou a ser atendido por aquela associação, que melhorando as condições daquele abrigo, aliaram-se aos Vicentinos que passaram a cuidar da chamada Vila Barão do Rio Branco, cuja fundação se deve ao grande benemérito Cel. Joaquim Ferraz Júnior (21/08/1921) realização do primeiro plano. Estiveram na direção durante alguns anos as Irmãs da Ordem de São Carlos, que demonstraram grande zelo e dedicação para com os asilados. Em 1927, as Irmãs de São Vicente de Paulo de Gysegen, substituíram as abnegadas Irmãs de São Carlos. Com o decorrer do tempo, tornou-se aquele casarão insuficiente no atendimento a velhice desamparada. Em 1950, através de entusiástica campanha movida pela Superiora Irmã Lúcia, e pela petição feita a Câmara, pelo vereador Pedro Clarismundo Fornari, foi aprovada a lei N° 134 de 28 /08 1951, que possibilitou ao prefeito na época Arq. Vasco Antonio Venchiarutti, promulgar aquela lei, doando 8.097 metros quadrados, para a construção do Asilo, em terrenos situados no aprazível altos do Anhangabaú.
FOTO 21
A Rua Barão de Jundiaí nas Primeiras Décadas de 1900.
A Rua Barão de Jundiaí nas Primeiras Décadas de 1900 – A Foto nos mostra a Rua Barão de Jundiaí, onde aparece à esquerda o prédio onde residiu o Cel. Joaquim Ferraz Júnior, depois as três primeiras portas de comércio onde estava instalada a fábrica de macarrão de Nicola Orsi, que mais tarde transferiu-se para a Rua do Rosário, vizinho a Escola Paroquial Francisco Telles. Depois, as outras três portas seguintes pertenciam a “A Paulicéa”, fundada por Emílio Fehr, em 1° de julho de 1898. Esse tradicional estabelecimento, de panificação e confeitaria, que funcionou durante 67 anos dirigido pela família Fehr, até o ano de 1965. Foi a “A Paulicéa” o local preferido para os encontros dos jundiaienses das várias gerações. O edifício seguinte era na época ocupado pelas dependências do Colégio Santo Antônio, com os dormitórios e sala de refeição daquele estabelecimento de ensino. Esse colégio ocupava ainda o prédio vizinho da esquina da travessa da Padroeira, e o prédio do outro lado da esquina, onde podemos ver as palmeiras de seu jardim fronteiro. Foi diretor dessa casa de ensino o Dr. Eloy Chaves. Hoje facilmente, podemos identificar esses prédios onde se acham: a farmácia Glicério, A Paulicéa, a Prefeitura Municipal, o Banespa e do outro lado a agência dos Correios, ECT. O prédio á direita era residência do Dr. Olavo Queiroz Guimarães; bem mais tarde, foi também a residência do Dr. Antenor Soares Gandra; D. Sebastiana Barros e finalmente a família Zorzi, e nos dias atuais, ali se acha o Banco Itaú em prédio construído para tal fim.
FOTO 22
Rosário esquina com a Bernardino de Campos.
Rosário esquina com a Bernardino de Campos – Vemos nessa foto, o prédio de n° 63, onde teve início o estabelecimento gráfico de Hugo Olivato, em meados de 1936 “Tipografia e Papelaria POPULAR”, que ali permaneceu até o ano de 1961. As atividades desse estabelecimento gráfico, esteve intimamente ligado ao jornal “O POPULAR”, onde seus amigos Inocêncio Mazzuia, Aldo Cipolato e Luiz Scarance, respectivamente redator chefe e gerente, passaram então, a imprimir e confeccionar aquele jornal com Hugo Olivato, que manteve sempre um ótimo padrão de impressão daquele órgão de nossa imprensa dos anos trinta. Circulou “O Popular” de 14 de novembro de 1934 até 30 de março de 1938, sendo porém, impresso pela tipografia Popular de 1936 até o final de sua publicação. Nos dias atuais, Olivato Industrias Gráficas Ltd., vem sendo conduzida pelos seus descendentes que procuram manter o nome “Popular”, com um símbolo de tradição no ramo das artes gráficas de Jundiaí, em seus quase cinqüenta anos de atividade. Procurando manter viva a memória do jundiaiense, podemos sentir nessa foto a lembrança de nomes como o da família de José Adolfo, que esteve intimamente ligado à sociedade jundiaiense, e que residiu durante muitos anos na parte superior do prédio n° 63. Ao lado direito vemos a Foto Ideal de J. Janczur, cujos dotes fotográficos trazidos de seu pai Alexandre Janczur, retrataram nossa cidade e nossa gente, contribuindo assim, enormemente para o enriquecimento da história urbana e social de Jundiaí. Na parte térrea, localizava-se a tradicional Padaria e Confeitaria São Sebastião, de Abílio Ferreira, cujos pães e outras especialidades que ali eram feitas, são até hoje comentadas, por todos aqueles que chegaram conhecer as boas coisas que esta terra já possuiu.
FOTO 23
Rua do Rosário no ano de 1926.
Rua do Rosário no ano de 1926 – Uma visão da pacata Rua do Rosário dos anos 20, onde vemos à direita o prédio da esquiana coma a Rua do Triunfo, residência da família de Antonio Raymundo Oliveira. Na continuidade a Casa da Sorte, de Angelino Sciamarelli, fazendo divisa com o belo exemplar de residência em estilo neo-clássico, onde podemos notar em sua platibanda as estátuas representativas da mitologia grega e as famosas pinhas, ornamentos esses muito usados nesse estilo no final do século XIX. Sua fachada apresenta-se com ornamentação em relevos, abaixo de sua cornija e sobre os vãos de janelas e porta principal em arco com bandeira. Esse prédio pertenceu à Baronesa do Japí. Depois foi sua fachada mutilada, com a adaptação para o comércio, ocupada pela Casa de Couros e Fábrica de Calçados de Nicola Rivelli. O restante do prédio era ocupado para residência e consultório dentário, de Amadeu Ribeiro. A porta vemos estacionado o automóvel “Ford” de placa P. 90, que pertencia ao Sr. Amadeu Ribeiro. Mais adiante, viam-se os prédios que eram ocupados pelo comércio de Antonio Vidle, funileiros, armazém da família Peixoto, a funerária de Antonio Madeira e a padadria São Sebastião de Abílio Ferreira, etc. À esquerda trecho da Praça da Independência, onde se vê também o ponto de autos de aluguel da Rua do Rosário. À esquerda, pouco se notando pela forte sombra, o prédio que pertenceu à familia de Vicente Rubbo e que depois sediou o Centro Católico São José, e na parte térrea da esquina foi o Bar Matiazo, na década de 30.
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Os Sobrados da Praça Marechal Floriano Peixoto.
Os Sobrados da Praça Marechal Floriano Peixoto – O do primeiro que que traz inscrita a data de 1922 em sua platibanda, em sua parte térrea era ocupada pela agência “Chevrolet”, cujo agente era o sr. Júlio Dolce, que e visto junto à porta juntamente com seu filho Romeu, que desde os finais do ano de 1925, já respondiam pela representação da “General Motors” em Jundiaí. Essa agência “Chevrolet”, permaneceu nesse local até o ano de 1935, daí transferindo-se para a Rua do Rosário, 405, vizinho onde hoje está o Credi Nino. Em 1939 deixou Júlio Dolce a representação da GM, dedicando-se aí somente à mecânica de automóveis, com a denominação de Irmãos Dolce, cuja atividade encerrou-se no ano de 1959. Estacionados, estão os famosos “Chevrolet” sendo o de chapa P. 248, pertencente ao sr. Júlio Dolce. Nota-se ainda, nas paredes os vestígios de letreiros, que pertenceram à antiga agência “Ford”, que ali esteve instalada. Adiante notamos o prédio do famoso “Hotel Jardim”, que desde 1908 até as décadas dos anos 40 funcionou sob a direção da família de Adriano Borgonovi, que além do ramo de hotelaria, foi destacado construtor de muitas obras de importância na cidade, dedicando-se também nos estudos da física aplicada à mecânica. Adiante, no prédio seguinte destaca-se um belo ornamento arquitetônico, uma agulha piramidal sobre a platibanda do mesmo. Nesse prédio residiu Adriano Borgonovi e família. Aquele ornamento no entanto foi intencionalmente ali colocado, para marcar geometricamente, a linha do eixo imaginário, que corre sobre o espigão central, conforme explicou a um de seus filhos. Na parte térrea, funcionava a agência do Banco Noroeste, sendo seu primeiro gerente Maceu Carlos de Patrocínio; contador Albano de Lima; caixa José Firmino Gomes, Aderaldo de Moraes, José Penaforte Martins, Ignês Pires, Aparecido Barbosa e Antonio Viana (Nhô Tô). Foi o sr. Firmino Gomes, depois substituído por Plácido de Castro. Pegado ao banco estava a farmácia S. José de João Baptista da Rocha. Na esquina da Barão o Açougue Central da família Pichi.